O REINO DE DEUS ESTÁ ENTRE NÓS
26-05-2009 11:01O REINO DE DEUS ESTÁ ENTRE NÓS
João 3.1-21
pregado em 15.03.09 – Noite
Nicodemos era um fariseu, um mestre da lei, que procura Jesus à noite (física ou espiritual). Não sabemos se ele representa ou contrasta o tipo de gente que é citada em 2.23-25. Mas sabemos que, no caso de Nicodemos, seu encontro com Jesus evolui para a sua conversão [aparece ao lado de Jesus em 7.45-52; explicita sua posição, no Calvário – 19.38-42].
Nicodemos está convencido de que Jesus era “da parte de Deus” por causa da evidência de seus sinais. Mas Jesus argumenta com algo que Nicodemos não perguntou. “Ele diz que ninguém pode ter esta visão – ver o Reino de Deus – se não nascer de novo. Para um judeu com o pano de fundo de Nicodemos e suas convicções, ‘ver o reino de Deus’ era participar do Reino no fim dos tempos, era experimentar a vida eterna, a ressurreição da vida. O pensamento religioso predominante nos dias de Jesus afirmava que todos os judeus seriam admitidos naquele Reino, exceto os culpados de deliberada apostasia ou extraordinária impiedade...”. (D.A. Carson em O Comentário de João, p 188, 189)
Mas Jesus diz a Nicodemos, um respeitado e consciente membro não só de Israel, mas também do Sinédrio, que além de não apenas ver (v 3), ele também não poderia entrar (v 5) no Reino, a menos que nascesse de novo. Sem dúvida Nicodemos já havia ensinado a muitos sobre como entrar no Reino dos céus seguindo “as regras”, ou seja, seguindo os mandamentos de Deus, devotando-se a Ele e cumprindo integralmente à Sua vontade. Mas, agora, ele estava diante de uma condição da qual nunca ouvira falar. E esta condição, nascer (gennan - geração) de novo (anothen – de novo ou do alto), significa “renascer, regenerar”. Nicodemos ouve de Jesus que para participar do “Reino do fim” era necessária a regeneração do indivíduo antes do fim. Fato é que, mesmo para um Nicodemos, deve haver uma transformação radical, com a geração de uma nova vida, comparável com o nascimento físico (vide Carson, 191).
Nicodemos tenta “espernear”, e se utiliza da razão. Mas Jesus explica que o nascer de novo é ‘nascer da água e do Espírito’. Alguns teólogos, entre tantas posições, dizem que o significado desta conjunção de idéias pode referir-se tanto ao nascimento natural e ao espiritual, quanto ao (batismo de) arrependimento para a posterior transformação espiritual. Mas, se o termo ‘nascer da água e do Espírito’ refere-se diretamente à “nascer de novo”, e Jesus questiona Nicodemos por ser um mestre da lei e não entender o que Ele está querendo dizer, então o significado deve estar associado ao Antigo Testamento, e deve simbolizar um único sentido e não dois. Ezequiel 36.25-27 pode nos ajudar a entender este significado. Portanto, o que Jesus queira dizer é que ‘nascer da água e do Espírito’ “assinala uma nova criação, um novo nascimento que purifica e renova; a purificação e a renovação escatológicas prometidas pelos profetas do Antigo Testamento” (vide Carson, p 196)
Porque o que nasce da carne é carne; mas, de Deus, o que nasce é dEle. O semelhante gera o semelhante. E para participar do Reino de Deus, é necessário nascer de Deus, uma referência a Jo 1.12,13. Porque o que nasce do Espírito é espírito, tem parte no Reino espiritual. Impressionante é que o Espírito de Deus é assim como o vento: não podemos vê-lo, mas podemos sentir seus efeitos. “Onde o Espírito está em ação, os efeitos são inegáveis e inconfundíveis” (Idem Carson, p 198). O que nasce do Espírito é assim: aquilo que Deus faz nele não pode ser compreendido por aqueles que só nasceram da carne. A associação aqui com Ezequiel 37 (o vale dos ossos secos) pode ser mais uma vez útil...
A discussão pára por aqui, na impossibilidade de compreensão de Nicodemos. Jesus, agora, finaliza a conversa dizendo que a base da salvação não estava exclusivamente calcada sobre a razão, mas também sobre a fé (v 12). E a prova sobre o que Jesus está dizendo é que, assim como Moisés levantou a serpente no deserto [Nm 21.8,9], o filho do Homem – nome preferido por Jesus – seria levantado (na cruz), para que todo aquele que nele crer, tenha a vida eterna (v 15). Assim como aqueles que queriam viver olhavam desesperadamente para a serpente elevada, também o homem que quer viver deve olhar – e aceitar - para a cruz de Cristo. A serpente, pelas serpentes; aquele que se fez pecado, pelos pecadores...
O restante do texto é uma ampliação da conversa até aqui, talvez feita pelo próprio João, sendo que os versículos falam por si. Nestes, entendemos que o Reino se inicia imediatamente, na vida daquele que crê, como resultado do amor de Deus que quer alcançar a todos – o mundo – e não apenas aos nascidos em Israel. Mostra, também, como o afastamento de Deus e a morte alcançam a todos que rejeitam o Seu amor [v 16 – 21]. Não há uma terceira opção.
Jesus, portanto, vem anunciar que este Reino de Deus não é exclusivamente futuro. O Reino de Deus é inaugurado pela presença de Cristo em nós. O plano de Deus é este: que Jesus, através de seu sacrifício na cruz, permita que muitos sejam resgatados, e entrem no Seu Reino. Assim como Jesus apresenta um Evangelho novo, mas superior ao judaísmo, e substitui o templo físico por nosso corpo, Jesus faz atual o Reino final, através de Seu sacrifício.
Para você, o Reino de Deus já é real? Porque este Reino já está entre nós.
Pr. Josimar
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