Mais claro, impossível!
10-11-2009 17:59MAIS CLARO, IMPOSSÍVEL
Salmo 1
Pregado em 08.11.09 - Manhã
Em Deus não há acepção de pessoas (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9). O que significa esta frase em relação à expressão “Como é feliz aquele que... não se assenta na roda dos zombadores”? Parece-me claro, e também a Calvino e outros comentaristas, que devemos nos afastar do convívio maléfico dos ímpios (João Calvino em: O Livro dos Salmos, vl 1, pp 49-53). Mas, então, como falaremos sobre Jesus a estes? Isso porque não fazer acepção de pessoas significa que todos podem chegar à Deus pela salvação, mas que devemos escolher com quem andamos, de modo que os que estão na luz não têm comunhão com os das trevas. Isso seria um jugo desigual, como expressa 2 Co 6.14.
Entender a Palavra de Deus significa vê-la como um todo. Talvez, por isso, a lei do Senhor (v2) se coloca em oposição ao conselho dos ímpios (v1), ou quem sabe, aos “ímpios conselhos”. É preciso observar que a lei do Senhor precisa ser meditada, ou seja, mantida na mente e voltando à memória em todos os momentos, de dia e de noite. Essa meditação é que dará direção às nossas escolhas, pois a Palavra de Deus estará sempre viva em nós. Kidner chega a dizer que “...o que molda o pensamento do homem, molda a sua vida.” (Idem Kidner, p 62)
A ilustração viva deste salmo é a comparação entre a árvore que dá seu fruto “no devido tempo” (uma vida saudável sob a meditação da lei), e a vegetação que se torna palha e é levada ao vento. Esta última idéia é aplicada ao ato do joeirar, ou seja, “ato mediante o qual o trigo debulhado é jogado para cima, para o vento soprar para longe a palha, deixando somente o grão para trás.” (Derek Kidner em: Salmos, Introdução e Comentários, p 64) A imagem da árvore frondosa está intimamente relacionada à Jr 17.5-10, e mostra como as leis naturais de Deus se assemelham às verdades espirituais, as quais Ele quer nos ensinar.
Assim, a consequência de ser ímpio está associada à sua escolha, e é inexorável. O versículo 5 começa com “por isso”, ou seja, “em consequência de”, os ímpios não resistirão ao julgamento, nem de Deus, nem da comunidade dos justos e, ao final, serão destruídos (v6b).
Mas os justos receberão a aprovação ou o reconhecimento de Deus por seu caminhar (v6a), o que significa dizer que Deus fará justiça. “Crer nas futuras recompensas é crer que o braço longo do Senhor se inclina para a justiça, é crer que um dia os orgulhosos serão derrubados, os humildes, levantados, e os famintos, satisfeitos com coisas boas.” (Philip Yancey em: O Jesus que Eu Nunca Conheci, p 119)
Precisamos entender, também, o que significa “justo” aqui neste salmo. A Bíblia fala que não há um justo sequer na terra. (Sl 14.3; 53.1-3; 143.2; Ec 7.20; *conf. Rm 3.10-12*) Como então o caminho dos justos será aprovado? É porque o termo “justo”, aqui, e em muitos outros textos, está colocado em oposição à ímpios, e não em relação à nossa justiça pessoal. Isso é o que podemos observar no Sl 34.15-21.
Portanto, há dois caminhos. Um leva à destruição e outro leva à aprovação de Deus. Esses dois caminhos se separam para sempre, como reafirma Jo 3.18. Não há um terceiro caminho.
A escolha é simples. Mais claro que isso, creio eu, é impossível.
Pr. Josimar
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