Faça a pergunta certa
02-06-2009 10:07FAÇA A PERGUNTA CERTA
Nestes últimos dias, nossa cidade ficou conhecida nacionalmente por um ato desumano de violência. Aqui em Rio Claro, interior de São Paulo, uma menina de oito anos teve a sua vida interrompida pelo estampido seco do tiro de um revólver disparado por um garoto de apenas dezessete anos. O projétil acertou sua cabeça, e a menina Gabriele foi a óbito três dias depois, deixando seus pais e familiares com um profundo senso de vazio, e uma cidade inteira com a certeza de que este foi um crime firmado na barbárie humana. Muitos questionaram aos brados: Onde está a justiça de Deus?
Esta é uma pergunta legítima para todo aquele que não conhece profundamente a Deus. Não sabe que Ele é um Deus justo, e que a justiça faz parte de seus atributos comunicáveis, ou seja, características divinas que podem ser reproduzidas pela humanidade.
Mas, apesar de Deus ser justo, quem disse que a vida é justa? O pecado está à porta de nossas casas, nas ruas, no trabalho, nos relacionamentos, em todas as nossas rotinas do dia a dia. Podemos sentir seus efeitos mesmo quando não somos nós os que estamos pecando diretamente. Quando caminhamos pelas ruas, podemos ser atingidos por um carro descontrolado, dirigido por um motorista alcoolizado ou por um menor infrator fugindo da polícia, etc. A verdade é que além de sofrermos por nossos pecados, sofremos as conseqüências dos pecados dos outros também, e devemos compreender que os outros sofrem com as conseqüências dos nossos pecados. Afinal, fomos nós quem “escolhemos” ser os pecadores. A Bíblia afirma que todos pecamos, e aquele que alega não ter pecado, faz de Deus mentiroso.
Creio que a verdade deve passar por este viés. Somos constantemente atingidos e atingimos aos outros por nossos atos. E quando somos os atingidos pelo pecado dos outros nos indignamos, reclamamos, colocamos a culpa em Deus e no mundo, e clamamos por justiça imediata. Mas quando é o nosso pecado quem está em destaque, clamamos pela misericórdia de Deus, e ainda nos ofendemos se alguém não tem paciência em suportar nossos “pequenos” equívocos.
Dou graças a Deus porque Ele ainda não está agindo com justiça, apesar dEle ser integralmente justo. Dou graças a Deus porque enquanto Ele não cumpre a Sua justiça, ainda podemos proclamar o Evangelho de Cristo para todas as pessoas. Dou graças a Deus porque Sua paciência e longanimidade têm superado Sua justiça até aqui e, mesmo quando me sinto injustiçado, ainda assim dou graças a Deus pela certeza de que não posso atirar a primeira pedra.
Contudo, chegará um dia em que Deus julgará todas as coisas, e restabelecerá a justiça por toda a eternidade. Neste dia, todos aqueles que dizem que Deus não é justo entenderão que é a nossa justiça que parece pano de trapo, fétida e podre, diante do conselho final do Senhor! Graças a Jesus Cristo alguns poderão se apresentar, neste dia, justificados e em paz com Deus. Será que, como igreja, temos anunciado o suficiente para que haja muitos outros justificados naquele dia?
Assim, a pergunta certa não é: onde está a justiça de Deus? Mas devemos perguntar: Como podemos apontar para Deus, apesar dessa vida ser tão injusta? Afinal, mesmo não florescendo a figueira, e não havendo uvas nas videiras, mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral, nem bois nos estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação [Hb 3.17,18 – NVI].
Pr. Josimar de Assis Roque Júnior
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