DEUS CONTINUA USANDO A PALAVRA

26-05-2009 10:50
DEUS CONTINUA USANDO A PALAVRA
João 1.1
pregado em 01.02.09 - Noite

Apesar de claramente nos remeter ao texto de Gn 1.1, Jo 1.1 nos leva para antes da criação. O contexto posterior diz que todas as coisas – a criação - foram feitas por meio da Palavra [Jo 1.3].
A Palavra é a manifestação de Deus para o Universo. Deus usa de Sua palavra para criar, para revelar-se e para libertar em todo o AT.
No princípio, a terra era sem forma e vazia... e disse Deus: Haja luz, e houve luz... (Gn 1.3). E a palavra criadora de Deus continuou seu trabalho de formar do nada tudo o que existe. O salmista diz, de maneira poética, que “mediante a palavra do Senhor foram feitos os céus, e os corpos celestes, pelo sopro de sua boca” [Sl 33.6].
Então Deus cria o homem e a mulher, e se revela a eles. Ele não caminha com eles todas as tardes fazendo proezas e maravilhas, mas Deus conversa com Adão e Eva. Deus se revela, se faz conhecer através da palavra. E é pela palavra que Deus apresenta seu plano para o homem. Porém, o homem se desvia desse plano e quebra a palavra de Deus, desobedecendo ao Seu mandamento. É lançado fora do jardim do Éden, inicia sua história como pecador e, portanto, passa a buscar o retorno de sua vida para com Deus.
O pecado começa a se proliferar, e Deus resolve limitar a maldade humana enviando um dilúvio e estabelecendo uma drástica diminuição na idade do homem. Mesmo com este aviso, a iniqüidade se multiplica. Deus então estabelece a formação de um povo a partir de Abraão [2091 a.C.]. E como Deus inicia este projeto? Pela palavra. Ele conversa com Abraão [Então o Senhor disse a Abrão: Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei... Gn 12.1].
De Abraão surge uma descendência que, por meio de José, seu neto, vai para o Egito – setenta pessoas [1876 a.C.] – e depois de certo tempo são escravizados. Deus, então, levanta Moisés e o encarrega de libertar o povo de Israel da escravidão de 430 anos [1446 a.C.], transformando-o em uma nação. Deus se revela a Moisés através da palavra e Seu nome é representado por um verbo: Eu Sou [Ex. 3.14].
O povo é moldado no deserto e recebe mandamentos e leis para estabelecer neles um espírito de nação e a certeza de que, quando se afastarem de Deus e buscarem a idolatria, certamente voltariam à escravidão. Eles adentram à Terra Prometida, à Canaã tão sonhada [1406 a.C.]. Mas, basta que Josué e sua geração morram [Jz 2.10] para que povo se desvie de Deus e passe a fazer aquilo que Ele desaprova, prostituindo-se diante de outros deuses. O resultado disso é o domínio das nações vizinhas. O povo clama a Deus e Ele estabelece juízes para dirigir o povo através de Sua palavra.
Os juízes são trocados por reis [1050 a.C.] para governar a nação, mas Deus estabelece profetas para revelar Sua palavra, e fala com estes, utilizando-se de palavras [Filho do homem, eu fiz de você uma sentinela para a nação de Israel; por isso, ouça a minha palavra e advirta-os em meu nome... Ez 33.7]. Reis sucedem-se no trono, ora seguindo os caminhos do Senhor, na maioria das vezes desviando-se dele. A nação é dividida em duas [930 a.C.] e, depois de muitos avisos dos profetas, o Reino do Norte é escravizado pelos Assírios, em 722 a.C.
Deus continua avisando, através dos profetas, que o Reino do Sul deveria se afastar da idolatria, mas ninguém mais quer ouvir à palavra de Deus. Finalmente, em 586 a.C., Jerusalém cai sob o domínio dos babilônicos e a nação de Judá é levada por 70 anos para o cativeiro babilônico.
Nestes 70 anos, algo de incomum aconteceu. Os religiosos se organizaram de tal forma a preservar dois valores essenciais para o povo judeu: a integridade étnico-cultural e a aversão total à idolatria. O pêndulo da história de Israel havia movimentado de um povo idólatra para um povo fechado etnicamente e radicalmente legalista.
O império Persa sobrepõe o babilônico e Deus, então, traz seu povo de volta à Palestina [a partir de 538 a 432 a.C.]. O povo reconhece que a libertação do cativeiro se deu por causa da palavra de Deus [Na sua aflição clamaram ao Senhor, e ele os salvou da tribulação em que se encontravam. Ele enviou a sua palavra e os curou, e os livrou da morte... Sl 107.19,20].
A partir daqui, Deus permanece aproximadamente 430 anos em silêncio. O império Persa é conquistado pelo macedônio Alexandre, o Grande, que estabelece um princípio de união mundial através da cultura e da língua grega. Alexandre é sucedido por um governo tetrarca, que entra em conflitos internos constantes até ser completamente dominado pelos romanos.
Quando Jesus surge na história, João, o evangelista, o associa inegavelmente à retomada da ação de Deus que, depois de 430 anos de silêncio, não apenas fala através de João Batista, mas envia a própria Palavra ao mundo.
A Palavra, que estava desde antes do princípio, e que serviu para criar, revelar e libertar, agora estava entre nós.
Mas os mestres da lei e líderes religiosos não queriam sequer ouvir sobre isso, porque a Palavra apresentada por João é caracterizada pelos atributos divinos e, depois de 70 anos de cativeiro e 430 anos de silêncio da parte dos profetas, falar que algo era Deus soava como uma ameaça que deveria ser extirpada a qualquer custo. Além disso, a palavra não era apenas Deus, mas era mais uma com Deus. A idéia de que a Palavra estava com [pros] Deus significava que tinha intimidade com Ele, ou seja, estava face a face com Deus, mas era distinta dEste. Porém, muito pior para os judeus é que além de estar com Deus, ela era o próprio Deus. A expressão “a Palavra era Deus” não significa que ela apenas tivesse aspectos de divindade, mas que carregava em si a essência de Deus.
Ninguém instituído numa religião esterilizada pela idolatria, queria saber de um Deus que se apresentava em duas pessoas distintas, mesmo que fosse o próprio Deus.

João não revela de imediato mas ele vai dizer mais à frente que a Palavra é Jesus [Jo 1.14]. Jesus, por assim dizer, é o “alto-falante” de Deus para as nossas vidas, porque Ele é a própria Palavra de Deus entre nós.
Os judeus, que esperaram por tanto tempo para que Deus falasse, não receberam a palavra de Deus como sendo o próprio Deus, Seu filho Jesus Cristo. O restante do evangelho de João explicará, detalhadamente, como Jesus pode ser o unigênito Filho de Deus.

Jesus, Palavra de Deus, é o único que pode criar, revelar e libertar uma vida destruída e escravizada pelo pecado, oferecendo uma nova vida. Nenhuma palavra humana pode fazer o que só Jesus faz. Nenhuma doutrina ou religião humanas podem criar algo essencialmente bom; só Jesus pode criar uma nova vida. Nenhum médium, sensitivo ou profeta moderno podem revelar algo proveitoso para as nossas vidas; só Jesus pode revelar a verdadeira divindade. Nenhum ato pessoal, promessa, desprendimento ou caridade pode nos libertar das conseqüências da morte; só Jesus pode nos libertar do pecado.
Por quê? Simplesmente porque Ele é a Palavra de Deus para o que crê.
Ele é para você?
Pr. Josimar
Voltar