Cristo, por mim!
13-07-2009 11:10CRISTO, POR MIM!
Efésios 4.8-10
pregado em 12.07.09 - Manhã
Paulo inicia este pequeno texto com a citação de um salmo, modificando a sua característica original, e incluindo duas idéias a ele. O salmo citado é o 68.18. Paulo modifica o salmo original que diz que lá, quando subiu em triunfo às alturas, Deus recebeu homens como dádiva; e, aqui, que Cristo deu dons aos homens. Paulo substitui o sentido da ação de receber para dar.
A segunda inclusão ocorre quando Paulo amplia o entendimento do salmo, e explica o que significa o subir em triunfo às alturas... Paulo explica que o subir é resultado de um ato anterior de Cristo, que “desceu às profundezas da terra”. Entender isso é importante porque muitos associam este texto à 1 Pe 3.19,20a e 4.6, alegando que Cristo, após a expiação, desceu ao inferno e pregou aos espíritos em prisão, a saber os anjos caídos que se desviaram na época de Noé, e fizeram o que era mau aos olhos de Deus, procriando com as mulheres da terra, e fazendo transbordar a ira de Deus a partir daquela geração (Gn 6.1-3). Mas lá, em 1 Pedro, a idéia de descer é uma tradução que recebemos já interpretada, pois o texto em grego dá a idéia apenas de “ir”, sem indicar direção, ou seja, o descer aqui em Paulo não pode inequivocamente ser relacionado àquele em 1 Pe. Ao que parece, portanto, o sentido deste texto não está associado à 1 Pedro e “à pregação do Evangelho à demônios ou mortos”.
Assim, o texto pode ser entendido à luz da própria carta de Efésios e de Paulo. “Quando lemos que Ele subiu o sentido está claro [e significa que] foi exaltado em glória depois de Sua ressurreição, o que já foi enfatizado em 1.20 e 2.6. E quando Paulo diz acima de todos os céus, faz uso de uma linguagem que concorda com a definição judaica de sete céus, embora não esteja necessariamente limitado a um conceito espacial” (Francis Foulkes em, Efésios, Introdução e Comentário, p 96).
Mas o que significa que desceu? “Talvez tenha o sentido de ser esta terra tão vil, comparada a Seu lar celestial (Is 44.23) ou pode denotar o fato de ter sofrido a maior humilhação quando suportou a própria morte (Fp 2.8), e assim desceu àquilo que as Escrituras chamam “regiões inferiores da terra” [Sl 69.15; Rm 10.7] (idem F.Foulkes, p 97).
Parece-nos que o texto refere-se à encarnação de Cristo, Sua presença nós, pecadores, Sua obra expiatória, e a vitória sobre todas as coisas, conseguida na ressurreição e glorificação (Cl 1.15-20).
Portanto, e novamente ampliando Francis Foulkes, o propósito do texto é enfatizar dois pontos:
Primeiro, a vontade e a finalidade de Cristo é permear tudo com Sua presença (1.10), pois Ele desceu e subiu para preencher todas as coisas. Não há ninguém que possa acusar a Deus de que não recebeu a manifestação de Cristo;
Segundo, que Aquele que nos representa nos céus diante do Pai, também esteve conosco aqui na terra, viveu entre nós, sofreu conosco, partilhou de nossos dias sendo, portanto, capaz de se empatizar com os sofrimentos e necessidades de Sua Igreja.
Parece que Cristo não teve medo de se “sujar” entre nós, e que essa Sua posição nos dá condições de crer em algo real, palpável e, mesmo assim, absolutamente divino. Cristo fez isso por você e por mim. Isso é fantástico, e verdadeiramente especial para toda a humanidade.
Pr. Josimar
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